A casa, que de sonho se transformou em jaula, prendeu-me até há muito pouco tempo a um passado distante, que já não existe. Havíamos de poder desenhar as casas dos nossos sonhos para que eles lá coubessem, em vez de os confiarmos a qualquer sítio onde pareça caber a esperança.
Um sabão que não dispenso para lavar as peças que tricoto (e todas as delicadas), e a pasta de dentes que passeia a usar. Usar português porque-sim não é a minha filosofia, prefiro usar as marcas nacionais cujos produtos são realmente bons. Visitar a mercearia da minha rua é outra sorte quando o merceeiro é tão simpático e atencioso.
Rua da Póvoa |
Num daqueles bairros modernistas, escondidos no meio do Porto, há uma pequena selva e as casas mais bonitas. Este fica entre a Avenida Fernão de Magalhães e a Rua de Santos Pousada.
a.k.a. RBF (Resting Bitch Face), é uma técnica centenária de defesa pública das mulheres em locais públicos. Desde a adolescência a treinar todos os dias a cara-de-poucos-amigos: uma atitude essencial diária que impede o "à vontadinha" dos outros (homens ou mulheres) de realizarem comentários ou olhares em relação ao teu corpo, à tua roupa, ao teu estilo, em suma: a deixarem-te desconfortável. E é a única forma que conheço de te convenceres de que esses olhares e esses comentários (que acontecem de qualquer forma) não têm importância, e de os poderes ignorar (conscientemente).
Durante a adolescência até à idade adulta convenci-me plenamente que essa era uma característica de personalidade e não uma necessidade por ser mulher. Agora sei que ser mulher influenciou em tudo a minha personalidade. Essa "ignorância" teve a vantagem de não acarretar uma culpabilização pelo género. É uma infelicidade que as mulheres não possam ser de outra forma por terem de se ocupar do medo e do receio de andar na rua, nos transportes públicos e em qualquer espaço semi-público, não pelo "facto" de serem mulheres, mas porque isso é argumento para todo o tipo de abusos (nestes incluo homens e mulheres).