E depois de ler… (mas acima de tudo muito, muito ler). E depois, muito, muito escrever.
Escrever e comunicar. Aprender a escrever um bilhete à empregada, a dizer assim, um bilhete a dizer: “O meu filho está doente, não pode vir à escola”. Como é que começa? “Cara professora” ou “Minha cara professora”, ou “A quem de direito”… Com muita risada ensinaria a escrever tudo. Uma lista das compras, por exemplo assim: uma lista de coisas que se quer, “dois chocolates”, mas quais chocolates? Então “dois Crunchies”, mas pões-se aspas nos Crunchies ou não? Quer dizer, o prazer de escrever, da mesma forma que o prazer de ler. O prazer e a importância de escrever. Da escrita como engate, como é possível engatar uma rapariga ou um rapaz com a escrita. E com isso, com a leitura vem isso: o saber estar sozinho. Porque, a velhice, ou… as pessoas não arranjam a mulher ou o marido ou o namorado… e a verdade é que estamos muito tempo sozinhos. Sozinhos. A solidão é uma coisa terrível. E com os livros, quando há livros não há solidão.
Miguel Esteves Cardoso
não acredito, ainda, como me "esqueci" desta pérola.
mais uma colaboração perfeita entre gente genial. a pj harvey e o seamus murphy.
testemunhem a Beleza aqui.
a mais bela música portuguesa do ano (para além da pérola do fachada).
uma colaboração perfeita entre gente fabulosa. um amor cantado a dois.
e comprei.
Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu.
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu.
E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
O sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu.
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
O sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu.
Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.
Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu
O caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou.
Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei pra lá do fim
É preciso partir, é o preço do amor
Para voltar a viver
Já nem sinto o sabor a suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber.
Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada.
O meu barco vazio na madrugada
O meu barco vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala.
Na vertigem da voz
Na vertigem da voz
Quando enfim se cala.
o mais difícil é o silêncio. por cá parece uma coisa palpável, com corpo. como se vivesse connosco nos intervalos dos sítios e da respiração. vive também dentro das pessoas.
é como se estragar o silêncio fosse estranho, fosse diferente. aqui o silêncio é como de vidro. menos frágil, mais corpóreo. não se estraga facilmente.
nunca pensei ter saudades do ruído português...