Os portugueses que eu conheço vivem o amor com uma intensidade, como se fosse a coisa exclusiva, dão uma importância ao amor extraordinária. É uma coisa maravilhosa. O amor, desde pequeninos… domina tudo, domina qualquer outra coisa. E por isso é que são, eu acho, relativamente felizes nos amores, porque investem tanto, tanto, tanto, estão sempre a pensar: “O que é ele fez que eu fiz mal?”, “O que é que eu faço…e telefono… e digo…que merda… porra”.
O que é bonito nos portugueses, e isto é que é mesmo bonito — eu acho que aí é diferente — os portugueses no amor são o contrário de egoístas: só pensam no outro, na pessoa amada. Não pensam nunca… aquela coisa americana e inglesa “It’s not about you”, aquela coisa egocêntrica que uma pessoa vê na literatura, n’ “O sexo e a cidade”, em que procuram alguém para satisfazer as necessidades dela, e o problema é lutar contra esse egoísmo. E em Portugal não, em Portugal (…) a pessoa que ama coloca-se numa posição de insegurança e de procurar satisfazer o outro. Um investimento gigantesco (…) uma importância gigantesca que dão à relação amorosa. É muito, muito forte.
Miguel Esteves Cardoso
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