A cultura portuguesa, no sentido amplo da cultura amorosa portuguesa é declaradamente sentimental. Declaradamente baseada na pena ou na desgraça e na lágrima… que não tem a conotação negativa.
E isso é uma coisa muito boa: as pessoa não têm medo de chorar, num filme ou qualquer coisa mais sentimental… Porque também… o sentimentalismo, o ódio ao sentimentalismo é uma moda, é uma coisa que data do romantismo e que foi muito agravado agora no século XX com as teorias literárias. O sentimentalismo em si o que é que tem de errado? O que é que tem de errado a manipulação de sentimentos, ou a apresentação de sentimentos de pena ou… exacerbados?
(…) A relação amorosa portuguesa é muito muito sentimental. É muito muito lamechas, ou seja, mas lamechas num sentido profissionalíssimo. Nós estamos a falar numa craveira de lamechas… ui, sexto, sétimo “dan” de lamechice. Tudo o que seja: carneiro-mal-morto, pobre-de-mim, desgraçado-estou-para-aqui-caído, não sei quê, em Portugal estamos a falar de mestres. São todos, desde os cinco anos já são mestres.
Miguel Esteves Cardoso
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