Delicadezas

By sufragista - março 19, 2017

wood


depois


Até o meu cabelo, apostado em não crescer anos a fio
parecia brotar do cucuruto, e da nuca, louco em longuras
depois que te deixei.


E as falas claras e concisas das conversas a ficarem para trás,
só um sussurro entre-dentes no passado.


E os gestos infinitos sempre os mesmos,
a serem agora revistos pela mãos novas que fiz.


Até os olhos, depois de te deixar,
são mais fáceis agora e sem aquela tristeza
que era da indiferença.


Depois de te deixar voltei a fotografar as mesmas imagens
que conhecia antes de saber quem eras.


Será que nunca soube de ti por causa das imagens velhas?


Ficarmos ocos por dentro nunca é uma opção.
É um desvio.


É para ficarmos a saber que o amor
nos rouba (sempre) à poesia.



Porto, junho 2015

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