Went to see Pure Comedy, found Pure Poetry.
"Mas, por muito livres que pareçam alguns dos seus movimentos, Josh Tillman nunca abre mão do controlo. É difícil decifrar, no seu rosto e sobretudo na primeira metade do concerto, o que lhe vai na alma. As diferentes máscaras que vai colocando servem-lhe invariavelmente na perfeição (...) e continuam a fazer de si uma personagem intrigante, capaz de conduzir um concerto com várias "temperaturas". Mas é quando, no regresso para encore, entabula conversa com os fãs, no fosso, ou se deixa impressionar pelo carinho do público ("this is incredible, what the hell"), que se vislumbra, reticente, o cidadão por detrás do artista, ou o rosto por trás de tanta máscara."
Achei que foi muito isto do que escreveu a Lia Pereira no Blitz, apesar de uma sensação geral de pequena desilusão com a máquina super-programada deste espetáculo. Tenho pena que haja cada vez menos espaço (físico e económico) para a música ser o que puder ser em cada lugar, com uma dose de improviso e espontaneidade que já não parece sobreviver em lugar nenhum. No final, ficou-me este sabor amargo, de imaginar a facilidade com que a música seduz para não se chegar sequer à poesia, e muito menos ao conteúdo das palavras, que para mim, sempre foram a razão de querer ouvir.
0 comments