Elena

By sufragista - outubro 08, 2020

Um verão inteiro a devorar romances, motivada, confesso, por uma série de tv, mas cativada inteiramente por uma história. E uma voz. A voz e a percepção de uma mulher. A voz da autora e a voz da personagem. Elena. Pensei várias vezes que se algum autor até hoje me motivou a continuar a escrever (sem desejos literários) essa autora é Elena Ferrante.

Estranhei que o sucesso que eu conhecia da obra, maioritariamente no estrangeiro, não me parecesse tão avassalador por cá, não obstante o óbvio sucesso das edições da Relógio d’Água. Primeiro, culpo a crítica literária nacional que tem o tamanho e a diversidade de uma ervilha. Segundo, culpo o facto de sermos ainda profundamente iliterados, apesar da produção cultural abismal de um país deste tamanho. Terceiro, o facto da escrita das mulheres, especialmente sobre mulheres, ser profundamente secundarizada em relação aos autores masculinos.

Ainda não terminei a tetralogia. Agora que estou a um livro do final desta história, sei que vou querer adiar este livro para não me separar de Elena, de Lila, de Nino, de Nápoles, da Itália inteira, onde nunca fui, mas da qual ouvi falar a infância inteira. Um verão italiano, certo.

  • Share:

0 comments