Jornalixo

By sufragista - novembro 10, 2021


Há todo um programa da direita liberal de pegar em palavras-chave da cultura esquerdo-anarquista e de as tornar equivalentes a comportamentos ou ideias não democráticas. Começou com o abuso da expressão “politicamente correto”, e hoje em dia passa por diabolizar o “socialismo” (como se tratasse de um tipo de extremismo) e em fazer equivaler a extrema-direita a uma ideia distorcida do que seria a extrema-esquerda — que não existe em Portugal no espaço democrático, sendo que o mesmo já não pode ser dito da extrema-direita que tem dois partidos legalizados em Portugal, um deles com assento parlamentar. 
Hoje querem fazer equivaler o conceito de ativista, associado à esquerda, a criminosos neonazis, tal como o fazem quando nomeiam o BE e o PCP como a extrema-esquerda portuguesa (seria para rir se não fosse tão trágico). Os porta-estandarte desta direita liberal em Portugal são os jornais de direita como o Observador, o Sol, o jornal I, e, cada vez mais notoriamente, o DN. Não se equivoquem: esta direita já permeou todos os partidos de direita ao normalizar estas falsas equivalências políticas, de forma a desligitimar os partidos e políticas de esquerda, abrindo caminho à normalização dos discursos da estrema-direita, cujas políticas sócio-económicas têm em comum. Há poucos dias, a porta-voz do PAN falava nas mesmas equivalências, descrevendo o Chega, o BE e o PCP como forças não democráticas. Até o PM cavalgou esta estratégia há alguns meses atrás quando colocou no mesmo barco o líder do partido neo-fascista com assento parlamentar e o responsável pela mais antiga associação anti-racista em Portugal, fazendo gratuitamente o trabalho aos seus “colegas” liberais ao assumir uma ideia de equivalências entre pessoas que promovem discursos de ódio e pessoas cujo trabalho é precisamente combatê-lo.


Imagem da Inês Francisco Jacob

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