O Bolhão, que era o último mercado do século XIX a sobreviver na cidade do Porto, já se foi e nunca mais será nada do que foi. E com esta voragem liberal e um genérico ódio ao ar-livre e às economias informais, vamos ficar sem mercados, sem feiras, e talvez sem mercearias, aquelas que no Porto se chamam de "pomares".
E é, provavelmente nesta "identidade", que devíamos estar a pensar quando pensamos em "defender" o passado e a "identidade" histórica do país (ou do território), porque ela representa precisamente uma minoria desfavorecida: todos os que têm de recorrer a estas economias informais porque não podem, nem de longe, competir com as economias (cada vez mais) formais. Em vez de andarmos a gastar páginas de jornal a discutir se devemos voltar a pôr uns brasões às flores nos jardins dos Jerónimos, que nos lembram do tempo em que éramos orgulhosamente esclavagistas.
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